Cap. 88
Westwood e Dente de Lobo engalfinham-se pelo chão atraindo a atenção da aldeia.
— Está acontecendo alguma coisa na tenda de sua mãe. – avisa Sapo Gordo ao chefe. — Você não vai até lá ver o que é?
Cedro Vermelho, com a voz arrastada: — Eu já vi demais por hoje.
Sapo Gordo: — Entendo. Quer beber um derruba-urso?
Cedro Vermelho: — Dois, por favor.
Nesse momento, Lucretia retorna caminhando acompanhada de Cobra Traiçoeira e trazendo um laçado e amarrado Wayne sobre seu cavalo.
— Cavalo! – murmura um sorridente e carinhoso Wayne, passando o rosto sobre o pelo do animal.
— Sim, querido. Você gosta de cavalos, eu sei. – responde uma cansada Lucretia, sem esconder a ternura na voz ao ver o carinho do xerife com o animal.
O momento de delicadeza se esfacela com os gritos das pessoas assistindo à briga entre o padre e Dente de Lobo, que rolam por entre os indígenas.
— De novo? – desabafa Lucretia, sacando uma pequena pistola oculta em seu peito.
Ela aponta para Dente de Lobo e a aldeia prende a respiração, aguardando o próximo movimento.
— Não! – grita Cobra Traiçoeira, levantando o braço dela e provocando um disparo para o alto.
Sapo Gordo, apontando para o ouvido: — Isso foi um tiro?
Cedro Vermelho, impassível: — Foi.
Sapo Gordo: — Mais derruba-urso?
Cedro Vermelho: — Por favor.
O som do disparo interrompe a luta. Westwood e Dente de Lobo se levantam e olham assustados para Lucretia, que se vira para Cobra Traiçoeira:
— E pretendia mesmo disparar para o alto. Pelo menos o primeiro tiro.
Cobra: — Calma, todos. Vamos chamar minha avó. Ela, com certeza, nos ajudará a encontrar uma solução pacífica.
Ele mal termina de repetir a frase em sua língua nativa e Chuva Quente surge despencando pela entrada da tenda de Noite da Raposa.
Enquanto a mulher se levanta, a curandeira surge na frente da tenda: — Eu posso estar com os cabelos brancos e não ser a chefe da aldeia, mas essa Raposa ainda pode morder e lembrar qualquer gambá que ele não é um lince. Pode mostrar os dentes, mas o cheiro nunca vai sair.
Lucretia: — Quem é ela?
Cobra: — Minha avó.
Lucretia: — Não entendi uma palavra, mas amei essa mulher!